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ToggleIntrodução: O que é bissexualidade?
A bissexualidade é uma orientação sexual em que um indivíduo sente atração física, romântica e/ou emocional por ambos os gêneros – masculino e feminino. A bissexualidade não é preto no branco, mas existe num espectro. Não se limita necessariamente a atração em proporções iguais, e são os seguintes pontos importantes para entender:
- Alguns bissexuais podem ter uma inclinação mais forte para um gênero do que para outro.
- Essas inclinações também podem mudar ao longo do tempo.
- O conceito de bissexualidade pode variar de pessoa para pessoa: para alguns pode ser sobre atração corporal, para outros pode ser uma questão de ligação emocional.
- Bissexualidade não é uma fase ou algo que possa ser escolhido – é uma verdadeira orientação sexual, assim como a heterossexualidade e a homossexualidade.
Hoje, apesar de estarmos num momento mais dialogado sobre sexualidade, existe ainda uma grande quantidade de desinformação e estigma associados à bissexualidade. Podemos notar isso observando a presença constante de diversos mitos errôneos sobre esse tema. Neste artigo, “Desmistificando mitos sobre a bissexualidade”, pretendemos explorar e desmontar alguns desses mitos comuns, oferecendo uma visão mais equilibrada e inclusiva da bissexualidade.
Mito 1: Bissexualidade é apenas uma fase
Não é incomum ouvir que a bissexualidade é apenas uma fase, um período de transição entre identificar-se como heterossexual e assumir a homossexualidade. Entretanto, essa afirmação é baseada em uma perspectiva equivocada e desinformação.
Primeiramente, é importante lembrar que a sexualidade humana é muito complexa e pode ser flexível. Portanto, não é regra que ela se encaixe dentro de uma categorização rígida e fixa. Isso vale também para a bissexualidade.
- O primeiro fator a se considerar é que a bissexualidade não é uma fase temporária, mas uma orientação sexual legítima. Indivíduos bissexuais são atraídos emocional e/ou fisicamente tanto por homens quanto por mulheres.
- Estudos científicos reforçam essa afirmação, demonstrando que a bissexualidade não apenas existe como estado permanente, mas também tem características próprias que a distinguem de outras orientações sexuais.
- A ideia de que a bissexualidade é uma fase também ignora o fato de que muitos bissexuais, ao longo de suas vidas, mantêm consistentemente a atração por ambos os sexos, ao contrário do que sugere a ideia de “fase transitória”.
- Além disso, essa afirmação desvaloriza e invalida as experiências daqueles que se identificam como bissexuais. Isso pode causar sentimentos de invisibilidade e exclusão, tanto da comunidade heterossexual quanto da homossexual.
Portanto, desmistificar esse mito é fundamental para a compreensão e aceitação da bissexualidade como uma orientação sexual válida e significativa. Manter essa noção equivocada pode reforçar o preconceito e a bifobia, barrando o avanço de uma sociedade mais inclusiva e acolhedora.
Mito 2: Bissexuais são promíscuos ou indecisos
A crença equivocada de que pessoas bissexuais são por natureza mais promíscuas ou indecisas é um mito que não encontra respaldo na realidade e na vivência dos bissexuais. Vamos entender essas falsas suposições em mais detalhes:
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Promiscuos: A ideia de que todos os bissexuais são promíscuos é um erro. Promiscuidade, ou a escolha de ter múltiplos parceiros sexuais, não está condicionada a uma orientação sexual específica. Heterossexuais, homossexuais e bissexuais podem ser monogâmicos ou não. Não é a bissexualidade que determina o comportamento, mas sim a escolha do indivíduo.
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Indecisos: Chamar bissexuais de indecisos é não compreender a diversidade na atração sexual. A bissexualidade não é uma expressão de indecisão, de quem está em cima do muro para escolher entre ser gay ou hétero. É uma orientação sexual distinta, em que a pessoa sente atração emocional ou sexual, independente de gênero. Isso não é indecisão, é uma atração abrangente e diversificada.
Em resumo, a promiscuidade e a indecisão são características humanas, e não exclusivas ou determinadas pela orientação sexual. Não caia nesses equívocos quando o assunto é o universo da bissexualidade.
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Mito 3: Bissexuais são necessariamente poligâmicos
Vale ressaltar antes de mais nada que ser bissexual e ser polígamo são conceitos completamente distintos. Ser bissexual é ter a capacidade de sentir atração sexual, amorosa ou emocional por mais de um gênero. Poligamia é o ato de manter relacionamento conjugal com mais de uma pessoa ao mesmo tempo. A sexualidade, no caso a bissexualidade, não implica necessariamente na escolha de modelo de relacionamento, como a poligamia.
- Bissexuais podem ser monogâmicos: Assim como em qualquer outra orientação sexual, existem bissexuais que preferem e escolhem estar em relacionamentos monogâmicos.
- A bissexualidade não predetermina o modelo de relacionamento: Não há ligação direta entre a orientação sexual e a escolha do modelo de relacionamento. Quer seja monogamia, poligamia ou qualquer outra forma de relacionamento, é uma escolha pessoal e não é ditada pela orientação sexual.
- Existem poligâmicos em todas as orientações sexuais: A poligamia não é exclusiva dos bissexuais. Existem pessoas poligâmicas em todas as orientações sexuais – heterossexuais, homossexuais, bissexuais, etc.
Portanto, este mito implica erroneamente que os bissexuais não conseguem manter-se comprometidos com uma única pessoa devido à sua capacidade de se atraírem por ambos os gêneros, quando na realidade, a capacidade de uma pessoa de se comprometer em um relacionamento não é determinada por sua sexualidade.
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Mito 4: Bissexuais são metade hétero e metade gay
Um dos equívocos mais comuns em torno da bissexualidade é a ideia de que indivíduos bissexuais são “metade hétero e metade gay”. Este é um conceito reducionista que falha em entender a real complexidade da bissexualidade.
Para esclarecer:
- Primeiramente, a bissexualidade não é uma combinação de heterossexualidade e homossexualidade. Ser bissexual é ter a capacidade de se sentir atraído, seja de forma romântica ou sexual, por pessoas de ambos os gêneros.
- Em segundo lugar, a atração bissexual não precisa ser dividida 50-50. Muitos bissexuais sentem diferentes graus de atração por homens e mulheres, e isso pode mudar ao longo do tempo. É importante entender que a bissexualidade não é definida por uma atração igual pelos dois gêneros, mas sim pela capacidade de sentir atração por ambos.
- Por fim, é fundamental compreender que a bissexualidade não está em um “meio termo” entre a homossexualidade e a heterossexualidade. É uma orientação sexual legítima e única por si só. Os bissexuais não são “metade” de nada, são integralmente bissexuais.
É vital que busquemos compreender a bissexualidade por si só, e não apenas em dívida com as orientações sexuais do binário “gay ou hétero”. É preciso desmistificar mitos como este para contribuir com um ambiente mais inclusivo e, principalmente, respeitoso para todos.
Mito 5: Bissexuais são mais propensos a trair em um relacionamento
Um dos mitos mais explorados e completamente sem fundamento é que pessoas bissexuais são mais propensas a trair em um relacionamento. Esta concepção geralmente surge a partir de uma compreensão simplista e equivocada da bissexualidade, que confunde a atração por múltiplos gêneros com a incapacidade de manter um compromisso monogâmico.
É vital que demolamos esta ideia equivocada, pois contribui para a bifobia e invalida a legitimidade dos relacionamentos bissexuais. Abordaremos alguns conceitos-chave para esclarecer esta questão:
- Bissexualidade e a traição não estão relacionadas: A infidelidade é uma questão de caráter individual, não uma consequência da orientação sexual. Pessoas de todas as identidades sexuais têm o potencial para serem infiéis ou mantenedoras de um compromisso. Portanto, acusar bissexuais de serem naturalmente propensos à traição é um estereótipo equivocado.
- Bissexualidade não é sinônimo de insatisfação: A atração por mais de um gênero não significa que uma pessoa bissexual está constantemente buscando novas parceiras ou é incapaz de se sentir satisfeita em um relacionamento monogâmico. Assim como indivíduos héteros ou gays, pessoas bissexuais podem e se envolvem em relacionamentos saudáveis e monogâmicos.
- Monoatractividade vs. multiatratividade: A bissexualidade é uma orientação multiatractiva, mas isso não a torna incompatível com a monogamia. Monoatractivo não é igual a monogâmico, assim como ser multiatractivo não é igual a poligâmico ou infiel. A capacidade de se sentir atraído por mais de um gênero não limita ou dita a capacidade de um indivíduo de manter um relacionamento monogâmico estável.
Desmascarar esses falsos preconceitos sobre a bissexualidade não apenas conduz a uma maior aceitação de bissexuais na sociedade, mas também ajuda a educar as pessoas sobre a diversidade e a complexidade da experiência humana em relação à sexualidade.
Conclusão: Celebrando a diversidade da sexualidade
Após esclarecer diversos mitos sobre a bissexualidade, chegamos à parte final do nosso artigo. A ideia principal que devemos reter é a importância da celebração da diversidade da sexualidade, respeitando cada indivíduo e suas escolhas pessoais.
Compreender e aceitar a natureza multiforme da sexualidade humana é crucial para a construção de uma sociedade mais justa, inclusiva e livre de preconceitos. Dito isso, aqui estão alguns pontos chave a serem celebrados:
- Reconhecimento da Validade da Bissexualidade: A bissexualidade é tão valida e real como qualquer outra orientação sexual, merece ser reconhecida e respeitada;
- Quebra de estereótipos: Desmantelar os mitos sobre bissexualidade contribui para uma representação mais precisa e respeitosa desta comunidade;
- Vivência da sexualidade sem pressões: Cada pessoa vive a sua sexualidade de maneira única e particular. Isso deve ser respeitado, sem pressões externas ou definições rígidas;
- Promover a inclusão: Celebrar a diversidade da sexualidade significa também promover espaços mais inclusivos e seguros para todos.
Construir um mundo mais compreensivo e empático começa com a gente. Continuemos a educar-nos sobre questões de sexualidade, desfazendo equívocos, questionando estereótipos e, acima de tudo, celebrando cada indivíduo como são.
A sexualidade é um espectro, não um conjunto de caixas marcadas. Juntos, podemos ajudar a acabar com o estigma e a desmistificar preconceitos, tornando nosso mundo um lugar melhor para todos.